A HISTÓRIA DE GALANTE

 

Galante é um distrito de Campina Grande e está localizada no extremo leste do município, no alto do Planalto da Borborema, apresentando uma superFcie de região com ondulações médias e suaves de altitude que varia entre 600 e 700 metros. Seu clima semiárido, equatorial, com uma temperatura média de 22ᵒC, umidade variável entre 75% e 83%, de outubro a março, os meses são mais quentes e as incidências de climas ocorrem de abril a junho. Sua
população é de cerca de 14 mil habitantes. O Distrito limita-se ao sul com a serra da cidade de Fagundes, ao norte com a fazenda Tatu de Baixo, ao leste com o Surrão e a Oeste com a propriedade Tatu de Cima.
No sopé da serra do bodopitá, encontra-se o açude José Rodrigues
(Figura 1)

 

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Marconi Luna

Patrono da AbMasto

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Figura 1 – Açude José Rodrigues
 

Como surgiu o nome Galante? Esse foi o nome dado ainda no século XIX a uma fazenda pertencente ao Senhor João Correia de Menezes (Bisavô de Marconi Luna), que recebeu o titulo de Major pela sua participação na repressão da conhecida Revolta de Quebra Quilos, no ano de 1874 com estopim em Fagundes, então povoado de Campina Grande. O desembargador Antonio Meira de Trindade enviou 100 praças (como eram chamados os soldados naquele período imperial), que passaram a ser chefiados pelo Major João Correia de Menezes na reprimenda, evitando que trabalhadores e comerciantes da região aderissem ao movimento.

            Galante era o nome de uma fazenda do Major João Correia de Menezes, que doou suas terras a empresa ferroviária inglesa chamada de “The Great Western of Brasil Railway” para a construção da estação de Galante, sendo inaugurada em 02 de outubro de 1907, com o apoio do Prefeito Cristiano Lauritzen de Campina Grande.

            O trajeto por onde passaria a ferrovia foi motivo de muita controvérsia, pois havia a possibilidade da mesma passar pela cidade de Alagoa Nova ou Itabaiana. O traçado escolhido foi via Itabaiana, passando por Galante até a cidade de Campina Grande.

A Empresa Great Western havia negociado com o governo federal a construção dessa ferrovia objetivando efetuar o transporte do algodão, cultura de grande valor comercial naquela época. Essa negociação foi ratificada através do Decreto Federal nº 5237, publicado no Diário Oficial de 26 de julho de 1904.

A chegada do primeiro trem, a máquina nº 03, da empresa inglesa,  foi recebida com muita festa pela população local. Ela estava enfeitada com folhas de palmeiras e com duas bandeiras do Brasil.

Em 1910, o fundador de Galante, o Major João Correia de Menezes, constrói o mercado público onde ocorria a chamada feira com a comercialização da produção agrícola, de miudezas, cortes de tecido e sapatos.

Os primeiros habitantes foram as famílias: Correia de Menezes, Melo e Rodrigues, Gomes Amorim, Campos e Bezerra; Gonçalves de Freitas; Vieira da Silva; Os Pessoas; Alves e Menezes; Os Dundas e Silva.

Então com a chegada de comerciantes e a intalação de um motor para descarregar algodão, pertencente ao Sr. Francisco Barbosa Dunda (Figura 2) que era casado com Flonila da Veiga Dunda (Figura 3) após o falecimento do seu esposo continuou com a atividade ligada ao algodão.

 

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Figura 2 – Francisco Barbosa Dunda

 

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Figura 3 – Flonila da Veiga Dunda

 

Em 1918, Galante torna-se povoado e em 1920 o fundador doa um terreno para construção de uma igreja, em homenagem ao seu santo protetor, Santo Antonio (Figura 4). Devido à falta de uma imagem do santo de sua devoção, substituiu a imagem pela de Nossa Senhora da Conceição, padroeira do Distrito de Galante.

As primeiras missas foram celebradas pelo vigário de Campina Grande, Monsenhor Salles, que veio a ser o nome da Escola Estadual do Distrito. Depois o padre João Onofre tornou-se o pároco definitivo.

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Figura 4 - Igreja de Galante

Em 1939 Gilvan da Veiga Barbosa (Figura 5) formou-se em medicina na Universidade Federal de Pernambuco, tornando-se o primeiro médico nascido no Distrito.

Durante a sua vida médica foi Diretor do Hospital Pedro I durante vários anos. Tornou-se Presidente do clube Campinense Clube (1953-1956) e várias vezes estivemos juntos assistindo o time de futebol que éramos torcedores.

Os vereadores Gumercindo Barbosa Dunda e Antonio Alves Pimentel foram durante vários anos, os representantes políticos do Distrito na Câmera Municipal de Campina Grande. 

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Figura 5 – Gilvan da Veiga Barbosa

Turismo

            O açude José Rodrigues, o restaurante, Casa do Chico (Figura 6) onde encontram-se passeio de caiaque, ecológico, de cavalo de carroça, e entre outras atrações há a Fazenda Santana (Figura 7), a Casa de Cumpade (Figura 8) onde encontramos uma excelente comida regional.

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Figura 6 – Casa do Chico

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Figura 7 – Fazenda Santana

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Figura 8 – Casa de Cumpade

Festa de São João

 

            Atualmente nas festividades do maior São João do Mundo em Campina Grande, Galante recebe o Expresso Forrozeiro (Figura 9); trata-se de um trem com 800 passageiros que parte de Campina Grande em direção ao Distrito e o trajeto dura duas horas, e cada vagão é animado por trio de forró pé de serra.

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Figura 9 – Expresso Forrozeiro

Em Galante os turistas são recebidos por quadrilhas juninas e durante a festa pode-se encontrar diversos restaurantes com comidas típicas, ilhas de forró, diversas atrações locais e regionais no mercado público, e no palco principal da festa.

Em 2015 participamos das festividades juninas em Galante e presenciamos uma multidão de turistas vindos de várias regiões do Brasil (Figuras 10 e 11).

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Figura 10 – Marconi Luna na estação de Galante

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Figura 11 – Marconi Luna nas festividades juninas

 

Museu Ferroviário da Estação de Galante

 

Tentei concretizar a fundação de um museu ferroviário na estação de Galante, realizando algumas reuniões com Prefeito Romero Rodrigues (nascido em Galante), Dalton Gadelha (Chanceler da Unifacisa – A maior Universidade Particular da Paraíba) para viabilizar esse projeto (Figura 12).

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Figura 12 – Dalton Gadelha, Romero Rodrigues e Marconi Luna

Depois de varias idas a Campina Grande, não conseguimos a realização do museu ferroviário.

Contudo o Vereador Marcio Melo Rodrigues (PSDC) apresentou na Câmara Municipal Campinense o projeto de lei de número 163/2017, propondo a instituição do Museu Ferroviário de Galante, empreendimento que contará a história do Distrito, sua gente, seus fundadores, seu desenvolvimento e a sua contribuição à Campina Grande, ao Estado da Paraíba ao longo dos anos. Esse projeto foi aprovado e sancionado pelo Prefeito Romero Rodrigues, entretanto não foi realizado pela falta de uma empresa para realizar os custos desse empreendimento cultutal.  Entretanto na estação foi criado um Memorial Estação Cultural Moacir Barbosa da Veiga (Figura 13), cuja criação foram os responsáveis os escritores Thomas Bruno e José Edmilson em 2017 (Figura 14).

            Dentro do Memorial na estação de Galante encontra-se um painel visualizando Francisco Vitoriano de Luna, (pai de Marconi Luna) e outra foto com a presença de sua esposa Herotides Menezes de Luna (minha querida e inesquecível mãe) (Figura 15)

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Figura 13 – Memorial na Estação de Galante

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Figura 14 – Thomas Bruno, Marconi Luna, José Edmilson, Romero Rodrigues e Dalton Gadelha

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Figura 15 – Francisco Vitoriano de Luna e esposa Herotides Menezes de Luna

Concluindo sobre a história de Galante desejamos que fique registrado alguns dados que presenciamos e coletamos em outras publicações referentes à Galante.

            Devemos ser sempre gratos ao Major João Correia de Menezes o fundador de Galante pela doação das suas terras para a construção dos trilhos do trem, da estação férrea, da igreja, do mercado público e para construção de casas dando inicio ao Distrito.

Literatura Suplementar

 

1 – Aranha, Gervacio, Batista. Trem e imaginário na Paraíba e região: tramas políticas econômicas  (1880 – 1925) p99 – Campina Grande EDUFCG Coleção outras histórias nº 02 – 2006.

2 – Filho RM – Galante – uma visão conjuntural. O São João de Galante volume I/III – UEPB – Campina Grande / Galante 2008.

3 – Tavares, A.F. do Trem de Carga ao Trem do Forró. Cultura e trabalho no Distrito de Galante PB (1907 a 1997) – Monografia no curso de história da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), maio 2016

4 – Site – Cavalcanti DR. Drc.recantodasletras.com.br 2016

5 – Andrade LRS e colaboradores – Percepção ambiental dos moradores sobre a utilização das águas do açude no Distrito de Galante; Campina Grande, Paraíba. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável. 14:1 2019 – 134-139

6 – Oliveira TB – Galante e o trem; Crônica – Jornal a União João Pessoa (PB) 21 de maio 2022.